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Cartografias da cidade de Cuiabá: 10 anos de Coletivo à deriva.

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  Maria Thereza Azevedo Neste 2019, o Coletivo à deriva completa 10 anos de ações poéticas pela cidade de Cuiabá, com intervenções urbanas que criam uma relação de afeto com os lugares, apontam os abandonos e ao mesmo tempo trazem uma reflexão sobre o lugar onde se vive. A ideia é promover uma experiência de encontro com os espaços e com as pessoas que levem a processos de produção de novas subjetividades, onde cada um possa estar implicado com o lugar que habita. Cuiabá, 300 sombrinhas. A ação teve origem no interior da Disciplina: Atrações temporárias: estéticas emergentes na cidade, oferecida no PPG ECCO da UFMT como proposta de intervenção para este ano de 2019, quando se comemora os 300 anos de Cuiabá e os 10 anos do Coletivo à deriva. Um trajeto pelo centro da cidade como um teatro de estações. Além dos alunos, vários artistas e interessados foram convidados a participar via redes sociais. O resultado das experiências e discussões estão aqui em forma de textos produz
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Violências e Poéticas Urbanas

Luciano Carneiro Alves Em cima dos telhados as antenas de TV tocam música urbana, Nas ruas os mendigos com esparadrapos podres cantam música urbana, Motocicletas querendo atenção às três da manhã É só música urbana Os PMs armados e as tropas de choque vomitam música urbana E nas escolas as crianças aprendem a repetir a música urbana Nos bares os viciados sempre tentam conseguir a música urbana Renato Russo, “Musica Urbana 2” A beleza e o medo caminham de mãos dadas entre sombras do passado, gritos do presente e ilusões de futuro. Caminhar pelos centros históricos de cidades centenárias brasileiras, tal qual Cuiabá, são experiências repletas de sensações conflitantes. Durante o dia, o medo do inesperado é materializado na urgência sem sentido de motos e carros que cruzam velozmente as ruas estreitas impondo-se a qualquer pedestre que tente ter um momento contemplativo frente aos casarões que ainda resistem ao tempo. À noite, a violência urbana ganha a

Cuiabá 300 anos, sombras e arte.

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Ivoneides Amaral _______________ [1]  Mestre no Programa de Pós-Graduação em Culturas Contemporânea da Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá, a cidade que completa seus 300 anos, conhecida por muitos como cidade verde, em sua rotina segue o fluxo por caminhos acelerados com hora marcada, e na maioria das vezes seus transeuntes não observam a paisagem que tem ao redor, tornou-se um centro urbano vazio, quente e com poucas árvores, é um enorme esforço buscar na memória e relembrar a arte que foi tecida na construção da sua identidade. Pensando nesse contexto de reflexões sobre a cidade e seus espaços, nos aproximamos do pensamento de Gomes (2017), ao relatar que o perder-se pela cidade consistia numa ação fugaz, um instante imediato para ser vivido no presente. O encontro das sombrinhas e dos sombreiros, pensado nessa prática do perder-se em um universo imaginário, torna-se uma arte coletiva que luta por uma imagem determinada e estável e possui virtudes que buscam p

O olhar do estrangeiro e o retomar deste olhar pela prática do caminhar

Ana Claudia Vitorio de Carvalho Goes É interessante observar como somos entorpecidos diariamente por nossas rotinas. Nossos afazeres e hábitos, nos colocam constantemente em modo automático, a fim de preservar nossa memória para novas tarefas e desafios. No entanto essa autopreservação nos custa um preço diante do qual muitas vezes não nos damos conta: o preço da desvalorização, da desafeição, que aos poucos vai se tornando indiferença, até chegar ao esquecimento. Ao passear entre sombrinhas no dia treze de abril de dois mil e dezenove, na poética Cuiabá 300 sombrinhas, do movimento Coletivo à deriva, foi interessante notar essa linha tão tênue, que separa a admiração da indiferença, o enaltecimento da desvalorização, e o afeto do esquecimento. Peixoto (1998), traz um conceito que se aplica perfeitamente à reflexão em questão, o conceito do “olhar do estrangeiro”. O olhar do estrangeiro é aquele que vê além da superficialidade imposta à liquidez dos olhares da sociedade cont

CALIGRAFIA DE DERIVAS : 300 anos de imagens memórias.

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Caroline de Oliveira Santos Araújo [1] Resumo: Como forma de empiricamente experimentar o processo de construção e posteriori, seus desdobramentos, seja no individuo participante, seja no objeto de intervenção, fora colocado dentro da disciplina Tópicos especiais em poéticas contemporâneas I , ministrada pela Drª Maria Thereza Azevedo no programa de pós – graduação em estudos de Cultura do contemporâneo – ECCO – na Universidade Federal de Mato Grosso o desafio de caminhar a deriva em comemoração aos tricentenário da capital   de Mato Grosso, Cuiabá. O presente ensaio busca desvelar a proposta para a intervenção, sob o prisma da memória; e como o metabolismo da cidade foi adaptando-se frente as imagens memórias” durante três séculos de mutações e contaminações. Palavras Chaves: Caminhar, deriva, memória, imagens, cidade. 1. A IDENTIDADE REGIONAL E O METABOLISMO URBANO. A dinâmica da Sociedade parece estar sempre em ruptura com o passado.